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As Metáforas das Tamareiras

POR VANDI DOGADO  Certa vez ouvi de um palestrante a belíssima lenda de origem árabe que diz: “quem planta tamareira não colhe tâmaras”. Um afoito espectador na plateia interrompeu-o, erigindo a mão direita e, sem aguardar o devido consentimento, logo emendou em tom elevado e extenso: Mas, pooorqueeeee, senhor? O palestrante como se já esperasse o questionamento manifestou um incógnito sorriso e elucidou que a tamareira leva aproximadamente 100 anos para produzir frutos, ou seja, se considerarmos que a plantemos aos 20 anos de idade, teríamos de viver 120 anos para colher suas tâmaras. Considerei o provérbio esplêndido, porque dele se podem extrair nobres ensinamentos de linguagem e de sapiência. Primeiramente, se tomarmos a expressão no sentido denotativo, defrontemo-nos com uma típica falácia, pois, ainda que naquela época a expectativa de vida fosse baixa, haveria exceções para qualquer ser humano que plantasse a árvore antes dos vinte anos. Por exemplo, se uma criança de 10 anos

VANDI DOGADO ENTREVISTA O ESCRITOR LUIZ PUNTEL

POR VANDI DOGADO
Pequena Biografia de Luiz Puntel
Luiz Puntel nasceu em Guaxupé, Minas Gerais. Ainda pequeno, mudou-se para Ribeirão Preto, onde reside até hoje. Formou-se em Letras e é diretor da Oficina Literária Puntel, escola de Redação para Ensino Fundamental, Médio e Superior. É também conferencista e professor de Oratória. Escreveu livros juvenis para a Editora Ática.

Prof.º Vandi - O Senhor é professor de Língua Portuguesa e escritor, como faz para conciliar os dois ofícios?
Luiz Puntel - Na verdade, escrever, no Brasil, não é considerado profissão, uma vez que escrever não dá o retorno financeiro necessário. Mas é difícil conciliar o professor, profissão que toma muito tempo, já que estou sempre em sala de aula. Os livros que escrevi sempre foram feitos a partir de diminuta disponibilidade temporal. Mas acho importante escrever, pois possibilita levar a alunos do Ensino Fundamental e Médio a discussão dos problemas sociais brasileiros.

Prof.º Vandi - Há algum livro do senhor que considere especial?
Luiz Puntel - Eu costumo dizer que os escritores são engravidados pelas ideias. Drummond já disse muito bem isso, ao afirmar que são os poemas que os engravidavam. Escrever narrativas também é o mesmo processo. Surge a ideia, o tema, e, quando vejo, estou trabalhando para parir a história. É um processo de gestação, sem dúvida!

Prof.º Vandi - Qual a opinião do senhor em relação às linguagens utilizadas pelos jovens na internet?
Luiz Puntel - Na língua portuguesa, como em qualquer língua, há várias modalidades. A coloquial, que vem de colóquio, de fala, é uma delas. E é aceita em textos informais. Já a formal, padrão, é usada em textos mais elaborados. Daí não ver problema no uso que o jovem faz da linguagem coloquial quando em situação de fala. Por exemplo? Ao bater papo com amigos nas redes de relacionamento. O que ele precisa é dominar também a linguagem padrão. Em qualquer concurso, em qualquer vestibular, será exigida a linguagem padrão. Então, é fundamental que sejamos poliglotas na nossa língua.

Prof.º Vandi - Nos exames internacionais de leitura, os alunos brasileiros aparecem nas últimas posições. Quais seriam as causas destes resultados?
Luiz Puntel - As causas apontadas recentemente pelo PISA demonstra que os jovens não se dedicam à leitura de textos formais. Eles têm dificuldade em interpretar, em ter argumentos. Geralmente, quem não lê, fica com argumentos do senso comum, não da criticidade necessária.

Prof.º Vandi - Recentemente a Secretaria Municipal de Cultura e a EMEF.Alberto Fernandes de Araújo no município de Araçariguama, interior paulista, elaboraram um projeto de leitura que consistia nas seguintes ações: A Secretaria de Cultura e alguns empresários mecenas compraram os livros, os quais foram trabalhados pelos professores de Língua Portuguesa com os alunos da Rede Municipal de Educação, por fim, no dia 11 de dezembro de 2010, o senhor completou o projeto ao visitar a escola e receber uma homenagem dos alunos. Fale um pouco desta experiência.
Luiz Puntel - A experiência feita em Araçariguama faz parte do que citei na pergunta anterior. Propiciar ao aluno o acesso à variedade textual é permitir a ele vários olhares. Para mim, foi um prazer enorme ver o trabalho que se fez na EMEF Alberto Araújo. Ninguém me contou. Eu vi. Eu vi alunos dramatizarem. Eu vi alunos cantarem até música em Latim. Eu vi os trabalhos de vídeos. Eu vi alunos se expressarem diante de uma plateia. Trabalho com o universo da palavra e sei quanto é difícil, para executivos, para diretores de empresas, homens de vendas, professores universitários; enfim, vários profissionais, se expressarem verbalmente. Isso é falta justamente de ter tido esta oportunidade quando no tempo escolar. Por isso, o trabalho feito por vocês, em Araçariguama, é mais do que necessário, é urgente!

Prof.º Vandi - Fique à vontade para suas considerações finais.
Luiz Puntel - Minhas considerações finais é que este trabalho feito na Alberto Araújo se multiplique por várias escolas. Como professor, eu sei como é complexo envolver todos os professores, todos os alunos, todos os pais de alunos e empresários patrocinadores nesta luta. Mas, como diz Fernando Pessoa, tudo vale a pena quando a alma não é pequena, ou seja, quando se tem intenções e objetivos claros. Parabéns a todos e todas que estão envolvidos neste trabalho inovador. Se todas as escolas do Brasil tivessem este objetivo, pularíamos rapidamente do 53º lugar para patamares mais confortáveis. Abração a todos!
Fonte: http://www.puntel.com.br/imprimir/?mod=1&noticia=248#luiz puntel#vandi dogado

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