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As Metáforas das Tamareiras

POR VANDI DOGADO  Certa vez ouvi de um palestrante a belíssima lenda de origem árabe que diz: “quem planta tamareira não colhe tâmaras”. Um afoito espectador na plateia interrompeu-o, erigindo a mão direita e, sem aguardar o devido consentimento, logo emendou em tom elevado e extenso: Mas, pooorqueeeee, senhor? O palestrante como se já esperasse o questionamento manifestou um incógnito sorriso e elucidou que a tamareira leva aproximadamente 100 anos para produzir frutos, ou seja, se considerarmos que a plantemos aos 20 anos de idade, teríamos de viver 120 anos para colher suas tâmaras. Considerei o provérbio esplêndido, porque dele se podem extrair nobres ensinamentos de linguagem e de sapiência. Primeiramente, se tomarmos a expressão no sentido denotativo, defrontemo-nos com uma típica falácia, pois, ainda que naquela época a expectativa de vida fosse baixa, haveria exceções para qualquer ser humano que plantasse a árvore antes dos vinte anos. Por exemplo, se uma criança de 10 anos

Consideração sobre o filme Os Vivos e os Mortos

POR VANDI DOGADO
Tardiamente assisti ao filme "Os Vivos e os Mortos" de John Houston, baseado no conto "Os Mortos" do livro "Dublinenses" de James Joyce. Ele conta a história de Gabriel e Greta, casal que comemora a tradicional Festa de Reis com amigos na casa das irmãs solteironas Morkan: Júlia e Kate (tias de Gabriel) e da sobrinha Mary Jane em uma noite fria de 1904 em Dublin. Durante a ceia, as personagens rememoram fatos melancólicos ocorridos com pessoas já falecidas. No final da festa, Greta abala-se ao ouvir uma música. Ao chegar ao quarto de sua casa confessa ao marido um segredo sobre um amado  da época da adolescência que teria morrido por ela. Então, Gabriel afasta-se, posto na janela, faz uma profunda reflexão sobre a vida e a morte. Embora o filme não tenha uma sequência lógica e a trama seja bem desconexa assim como o conto, possibilita a reflexão sobre nossa existência. O filme não consegue transmitir totalmente a as intenções encontradas no conto do grandioso autor de Ulisses. Sugiro a leitura primeiro, antes de assistir ao filme.
Trecho do conto "Os Mortos"
“É verdade, é verdade, somos sombras frias e pálidas
E os belos e bravos a quem amamos na terra se foram;
       Mas mesmo assim na morte,
       Tão doce o hálito vivo
Dos campos e flores sobre os quais caminhamos na nossa juventude,
        Que embora aqui condenados vamos
        Congelar nas neves de Hecla,
Saborearíamos isso por um momento, pensando que vivemos outra vez!”
Vandi Dogado,educador e escritor

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