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As Metáforas das Tamareiras

POR VANDI DOGADO  Certa vez ouvi de um palestrante a belíssima lenda de origem árabe que diz: “quem planta tamareira não colhe tâmaras”. Um afoito espectador na plateia interrompeu-o, erigindo a mão direita e, sem aguardar o devido consentimento, logo emendou em tom elevado e extenso: Mas, pooorqueeeee, senhor? O palestrante como se já esperasse o questionamento manifestou um incógnito sorriso e elucidou que a tamareira leva aproximadamente 100 anos para produzir frutos, ou seja, se considerarmos que a plantemos aos 20 anos de idade, teríamos de viver 120 anos para colher suas tâmaras. Considerei o provérbio esplêndido, porque dele se podem extrair nobres ensinamentos de linguagem e de sapiência. Primeiramente, se tomarmos a expressão no sentido denotativo, defrontemo-nos com uma típica falácia, pois, ainda que naquela época a expectativa de vida fosse baixa, haveria exceções para qualquer ser humano que plantasse a árvore antes dos vinte anos. Por exemplo, se uma criança de 10 anos

Os cães vieram ao mundo ensinar o valor do amor incondicional

POR VANDI DOGADO
Lembro-me do primeiro dia em que ela me viu. Minha esposa soltou-a e veio correndo pular sobre mim. Passou mais de um ano pulando e mordendo-me. Depois cresceu e tornou-se serena, mas não perdeu a alegria: saía pulando feito uma cabrita pelo quintal, pegava um tapete ou uma vassoura e balançava forte de um lado para o outro. Comia nas minhas e nas mãos de minha esposa. Sentava-se em meu colo e ofertava-me deliciosas lambidas... Era de uma inteligência incomum para um cão, conhecia horários, sabia pedir o que desejava e tinha um ótimo raciocínio... Aprendeu meu fraco, virava-se de barriga para cima e olhava-me com olhar maroto. Sabia que eu não resistia nenhuma vez, corria para acariciar sua linda barriguinha e encher-lhe de beijos. Era extremamente limpa e cheirosa, gostava de receber produtos novos. Se comprávamos um lençol novo, corria deitar-se sobre ele. Estava sempre ao nosso lado... Após minha esposa dar-lhe banho, vinha em disparada ao meu encontro manifestando toda sua alegria e ternura. Seu olhar transmitia que sua alma conhecia muito mais do que poderia supor, aqueles mistérios que os cientistas não conseguem explicar... Eu deitava-me no chão todos os dias para assistir à televisão com os pés esticados sobre o braço do sofá, enquanto ela sobre o sofá os acariciava. Trouxe-me só alegria, alegria, alegria e ensinou-me o significado do amor incondicional... Pegava minha meia e começava roê-la, oferecíamos um biscoito. Entendeu rapidamente que poderia me chantagear, aparecia com a meia na boca e já olhava para o armário onde estavam os biscoitos... Lá ia eu trocar as meias por biscoitos. Toda vez que voltávamos para casa, era ela quem vinha dar as boas vindas e trazer mais alegria e amor. Quando arrumamos um companheiro da mesma raça, ele tornou-se o centro das atenções, mas ela inteligentemente o acolheu e encontrou formas de mantermos o amor pelos dois. Ele, mesmo depois de grande, não deixou de ser um bebezão e ela era a sua referência. De tanto amor fiz um conto com o nome dos dois... Depois, se tornaram personagens de dois livros meus. Hoje faz alguns meses que ela foi morar em outra dimensão. Acompanhei sua cirurgia e fiquei um tempo com ela no hospital. Estava fraca e com dores. Beijei-a e fui para casa. No dia seguinte, veio o médico dizer que havia falecido. Peguei a moto e saí chorando buscar minha esposa. Fiquei com medo de ela bater o carro caso avisasse pelo telefone. Não precisei dizer nenhuma palavra. Ela viu-me chorar pela primeira vez em todo o nosso casamento. Só restou-nos um forte abraço. Despedimo-nos de nossa princesa, de nosso amor, de parte de nós... Minha esposa foi cuidar de nosso príncipe, sabíamos que ele iria sofrer muito, e eu fui participar do sepultamento de nossa princesa. Seu corpo ficou no Jardim do Amigo, um lindo e arborizado cemitério de animais... De lá para cá, a dor tem sido enorme... a sensação de que falhamos em algum ponto ou que não fizemos o suficiente aumenta o sofrimento. Já tinha mencionado em meus livros que os cães vieram ensinar os seres humanos o sentido do verdadeiro amor, pena que a maioria ainda não compreende tal fenômeno. Nem compreendem a dor de luto pela perda de um cão. Sinto falta de seu cheiro, de suas brincadeiras, de sua felicidade... Tudo lembra minha lindíssima. Nunca passei dor tão avassaladora, nem sei quando irá passar, todavia, sei que preciso agradecer todos os dias a ela pela alegria, lealdade e amor incondicional que nos ofereceu... Amo-lhe eternamente, minha Preta-Princesa..., sinto-me plenamente conectado com sua energia...

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