Sempre que ouço expressões “não dá” ou “não pode”, imediatamente pergunto “não pode, não dá ou não consegue fazer?”. A maior parte das pessoas quando não enxergam soluções para resolver problemas ou realizar algo, preferem remar contra ideias sugeridas. Ruth Escobar é um exemplo de quem não se prezou a ouvir os NÃOS na vida e conseguiu levar o nome do teatro brasileiro ao exterior em um período em que não havia leis de incentivo à cultura como a Rouanet. Ela produzia dramaturgia ativamente em nosso país mesmo enfrentando as duras adversidades impregnadas em nossa cultura sobre o valor do conhecimento e da arte. Muito mais que uma genial artista, Ruth foi uma grande empreendedora cultural. Também, não se furtou na luta pela liberdade de expressão durante o período de intensa censura que o país viveu na Ditadura militar. Por isso, se vai uma grande mulher, merecedora de todas as homenagens possíveis. seguir um pouco da brilhante trajetória de Ruth Escobar.
No dia 5 de outubro de 2017, aos 81 anos, faleceu a atriz e empreendedora cultural Ruth Escobar. Ruth Escobar nasceu em Porto, Portugal, em 1936. Veio para o Brasil em 1951, residindo em São Paulo. Estudou interpretação em Paris e ao retornar a capita paulista, construiu sua própria companhia teatral, nomeado por ela de Novo Teatro. Protagonizou as montagens Antígone América, Mãe Coragem e Seus Filhos e Males de Juventude. Ousou ao utilizar um ônibus como palco teatro a fim de popularizar o teatro brasileiro. Levava os espetáculos como A Pena e a Lei e As Desgraças de uma Criança à periferia de São Paulo. Em 1964,Ruth Escobar criou uma casa de espetáculos e levou ao público A Ópera dos Três Vinténs, O Casamento do Sr. Mississipi, As Fúrias, O Versátil Mr. Sloane e Lisistrata. Em 1968, fez a montagem de sua mais famosa peça Cemitério de Automóveis, obra de Victor Garcia. Em 1974, a artista promoveu o 1º Festival Internacional de Teatro e colocou o país no cenário mundial da dramaturgia. Há, ainda, outras peças que merecem destaque, entre elas: Time and Life of Joseph Stalin, de Bob Wilson; e Yerma, de Victor Garcia. Na década de 1980, Ruth Escobar candidatou-se a deputada estadual e foi eleita por duas legislaturas seguidas. Em 1987, Ruth retoma o trabalho de atriz em Maria Ruth-Uma Autobiografia e três anos depois atuou em Relações Perigosas. Em 2006, a atriz foi diagnosticada com a doença degenerativa Mal de Alzheimer e uma de suas filhas solicitou à Justiça interdição, justificando que a mãe não teria mais controle racional para administrar seu patrimônio, assim sendo, seus bens passaram a ser administrados por um escritório de advocacia.
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