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As Metáforas das Tamareiras

POR VANDI DOGADO  Certa vez ouvi de um palestrante a belíssima lenda de origem árabe que diz: “quem planta tamareira não colhe tâmaras”. Um afoito espectador na plateia interrompeu-o, erigindo a mão direita e, sem aguardar o devido consentimento, logo emendou em tom elevado e extenso: Mas, pooorqueeeee, senhor? O palestrante como se já esperasse o questionamento manifestou um incógnito sorriso e elucidou que a tamareira leva aproximadamente 100 anos para produzir frutos, ou seja, se considerarmos que a plantemos aos 20 anos de idade, teríamos de viver 120 anos para colher suas tâmaras. Considerei o provérbio esplêndido, porque dele se podem extrair nobres ensinamentos de linguagem e de sapiência. Primeiramente, se tomarmos a expressão no sentido denotativo, defrontemo-nos com uma típica falácia, pois, ainda que naquela época a expectativa de vida fosse baixa, haveria exceções para qualquer ser humano que plantasse a árvore antes dos vinte anos. Por exemplo, se uma criança de 10 anos

A verdadeira razão de Trump alegar fraude eleitoral

POR VANDI DOGADO 

Após confirmado a derrota, Donald Trump prometeu continuar com mais ações jurídicas sob a prerrogativa de fraude generalizada nas eleições presidenciais americanas. Afinal, ele teria êxito na justiça?  Até políticos tradicionais do Partido Republicano reconheceram a legitimidade da eleição, salvo “meia dúzia de políticos”. Ao recusar-se a reconhecer a derrota para o democrata Joe Biden, Donald Trump possui, na realidade, outro plano. Caso não houvesse ocorrido a pandemia e o presidente americano não tivesse apostado contra as recomendações científicas, teria ganhado facilmente as eleições; afinal, antes do terrível vírus, a economia americana vivia um excelente momento; contudo, sua desastrosa atitude diante da maior crise sanitária do século XXI  concedeu o título aos EUA de pior nação no enfrentamento do “Sars-CoV-II” (o Brasil vem logo atrás, demonstração de que governos "negacionistas e sectários" colocam em risco a vida de sua gente). Donald Trump não aprendeu nada com a consequência da pandemia que o levou à derrota, sendo o quinto presidente americano a não conseguir a reeleição! Será que não aprendeu ou está jogando? Caso tivesse sido eleito, a “política medieval” do “trumpismo” teria uma extensa vigência mundo afora por longos anos. Logo, ele sabe bem que não obterá êxito na justiça. Acusa fraude eleitoral porque é ardiloso; porém, faz um jogo perigoso e arriscado Continuará com a política da MENTIRA, DISTORÇÃO OU NEGAÇÃO DE FATOS para tentar não permitir que o “trumpismo” recaia ao ostracismo. Algo que seria esplêndido para os EUA e o mundo. Ele tem realizado uma contundente campanha para que os doadores o ajudem a financiar as disputas judiciais. Aliás, nunca foi a política populista de Trump que me admirou ter obtido sucesso, mas os sofomaníacos que apoiam e pagam caríssimo para que a irracionalidade perpetue. Trump perdeu porque não efetivou medidas para evitar mortes por Covid-19 e, sem contar, as constantes declarações infundadas sobre a pandemia e, também, porque diante de manifestações contra o racismo se colocou ao lado de supremacistas. Apesar da péssima experiência, ele acredita que possa nutrir a política sectarista através da estratégia de acusação de fraude eleitoral.

Donald Trump tem feito amplas acusações de fraude eleitoral na Pensilvânia e em outros estados em que foi derrotado por estreita margem de votos. Curioso que não acredita que houve fraude onde ganhou! Só onde perdeu! A coisa é mais ou menos assim: “se penso que venci, venci”. Na verdade, trata-se apenas de tentativa desesperada de sobrevivência política. Segundo a Associated Press, funcionários, assessores de campanha e aliados declararam à Associated Press que as evidências esmagadoras de fraude do discurso de Trump não são realmente o "x" da questão. A estratégia de estabelecer uma batalha judicial contra a apuração da Pensilvânia e e de outros colégios eleitorais em que foi derrotado, não tem a pretensão de reverter o resultado da eleição presidencial, mas perpetuar seus pensamentos estapafúrdios. Os assessores e aliados de Trump reconheceram que embates legais iriam, na mais otimista das hipóteses, apenas prorrogar o inevitável: a derrota! Ainda que seus correligionários carreguem intensas reservas sobre as tentativas do presidente de destruir a reputação da eleição na maior potência do planeta, o núcleo central de partidários "trumpistas" pretendem manter a base de apoiadores em sua arriscada estratégia.

Na história americana, nenhum candidato derrotado deixou de reconhecer a vitória do adversário e jamais um político americano colocou tantas dúvidas sobre a seriedade do pleito como fez Donald Trump. Quiçá, o mais próximo disso tenha sido a eleição de 1960 em que o democrata John F. Kennedy derrotou o republicano Richard Nixon e houve  insinuações de fraude eleitoral, porém era mais conversas de bastidores. Nixon não agiu incisavamente como Trump. O advogado de Trump, Rudy Giuliani, após anunciada a derrota, pôs-se diante de um banner da campanha republicana, colado na porta da garagem de uma empresa de paisagismo na Filadélfia, espremido entre um centro de cremação e uma livraria para adultos, sob a observação de uma pequena plateia, declarou que “não temos como saber, porque fomos privados do direito de inspecionar as cédulas”. Enfim, prestou-se a difundir a ideia de Trump. Algo mais ou menos assim: “como não houve como fiscalizar, logo houve fraude”. Não é só uma afronta contra a democracia, é uma afronta contra os pressupostos da Lógica; portanto, da verdade. Os observadores partidários das urnas são designados pelos respectivos partidos políticos (democratas e republicanos) a fim de relatar quaisquer irregularidades presenciadas no dia da eleição. Eles não são funcionários que realizam a contagem das cédulas, apenas acompanham o processo. O monitoramento de locais de votação e escritórios eleitorais é permitido em quase todos os estados americanos, contudo as regras variam de um estado para outro e, ainda, há alguns limites para impedir assédios ou intimidações aos eleitores. Os monitores jamais podem interferir na condução da eleição e, geralmente, são obrigados a se registrar com antecedência no escritório eleitoral local.

Este ano, por causa do Sars-Cov-II que matou mais de 230.000 cidadãos nos EUA devido à ineficaz política de Trump, houve ações judiciais em alguns estados sobre onde os monitores poderiam se posicionar para garantir o distanciamento social e evitar mais contaminações por Covid-19. Os advogados de Trump argumentam que a contagem dos votos deveria ser anulada porque os monitores republicanos foram impedidos de presenciar claramente a votação devido ao distanciamento social estabelecido nas eleições, inclusive na Pensilvânia. Juristas americanos afirmam categoricamente que são necessárias evidências, não apenas alegações de que os monitores não puderam observar claramente. Os juízes defendem que é preciso haver provas substanciais de que a fraude tenha ocorrido. Além do mais, os juízes alegam que os monitores democratas se encontravam nas mesmas condições, ou seja, condições iguais de fiscalização aos monitores de ambos partidos. O advogado Giuliani designou o fato como evidências de fraude circunstanciais na coletiva de imprensa. Ele declarou que entraria com um processo no tribunal federal, mas o assunto já foi levado aos juízes e já houve sentença contra as alegações. Um juiz da Filadélfia expressou preocupação com a segurança dos funcionários eleitorais durante a pandemia, por isso justificou a razão do distanciamento social dos monitores, justificou que a medida objetivava salvar vidas, não fraudar as eleições.

No domingo “Sunday Morning Futures” do Fox News Channel, Giuliani declarou que dois processos adicionais já estavam em processo de elaboração. Até o final desta semana, que teria entrado com “quatro ou cinco” processos, com um total de 10 possíveis. Uma fraude eleitoral é raríssima nos EUA e, quando acontece, os sujeitos geralmente são apanhados em flagrante e processados. São casos isolados que não alteram o resultado de uma eleição. Houve ainda um grupo de conservadores que abriu um processo judicial contra a secretária da Pensilvânia, acusando-a de incluir erroneamente cerca de 21.000 residentes supostamente mortos nas listas de eleitores. O juiz federal responsável pelo caso, John Jones, explicou que não há provas até então de que isso tenha ocorrido. Ele revelou que a Public Interest Legal Foundation, impetrante da ação, solicitou ao tribunal que determinasse a existência de “eleitores mortos”. Então, o juiz pediu imediatamente provas e, ainda, questionou por que esperaram até a “décima primeira hora” para ingressarem com processo. O juiz escreveu, na decisão de 20 de outubro, que “não podemos e não aceitaremos a palavra do queixoso. Em uma eleição em que cada voto é importante, não privaremos eleitores potencialmente elegíveis com base apenas nas alegações de uma fundação privada”. Parece nítido aqui uma diferença entre a justiça do Brasil e da dos EUA. Em terras tupiniquins, a decisão judicial muitas vezes é política.

Embora não tenha mencionado que foi Trump quem fez as acusações, até mesmo a própria administração de Trump rejeita notoriamente as alegações de fraude no processo eleitoral. De acordo com a Associated Press, a Cybersecurity and Infrastructure Security Agency, a agência federal responsável pela segurança eleitoral dos EUA, esclareceu que os escritórios eleitorais locais têm medidas de detecção que “tornam muito difícil cometer fraudes por meio de cédulas falsas”. Os principais funcionários eleitorais dos estados de campo de batalha do Arizona, Geórgia, Michigan, Pensilvânia e Nevada (tanto republicanos quanto democratas) destacaram que não observaram nenhuma irregularidade generalizada no transcorrer das votações. Donald Trump sabe bem disso. Não deverá reconhecer a vitória de Joe Biden. Apenas quer criar um fato para alimentar àqueles que acreditam em Terra plana. Se dará certo, só o tempo dirá. Deve-se lembrar de que ele deverá responder três processos que poderão levá-los à prisão: fraude fiscal, sonegação de imposto e uso da máquina pública em benefício próprio. Sem contar que caberia responsabilização legal por suas falas que motivaram  a não proteção contra a Covid-19.

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